30/08/2009

Observe a Lua. Mas saiba o que está vendo!


Estamos tão acostumados com a presença da Lua no céu que às vezes nem a percebemos. Ela está ali, natural, como sempre esteve. Algumas vezes, no entanto, especialmente durante a fase cheia, sua beleza e brilho ímpares são difíceis de não serem notados.


O problema é que, mesmo estando sempre disponível, poucas pessoas são capazes de reconhecer as crateras e os mares que formam a paisagem lunar. Os locais de pouso das missões Apollo são ainda mais desconhecidos pela maioria da população.Para dar uma mãozinha a quem tem interesse na observação do nosso satélite, seja à vista desarmada ou através de algum instrumento, essa pequena carta lunar poderá ajudar a dar os primeiros passos na exploração da Lua, mesmo bem longe dela.As legendas mostram os acidentes geográficos vistos com mais facilidade enquanto os círculos numerados indicam os locais em que as missões Apollo fizeram as explorações humanas entre 1969 e 1975.

Copérnicus - Uma cratera muito fácil de observar. Tem 92 km de diâmetro e foi formada a cerca de 800 milhões de anos devido a um choque com algum meteoro. Uma observação mais apurada mostrará picos centrais e paredes laterais, criadas no momento do impacto.

Aristarchus - Uma cratera muito recente. É tão brilhante que William Herschel, astrônomo que descobriu Urano em 1781, acreditava que fosse um vulcão ativo.

Kepler - Uma pequena cratera. Versão miniatura da Copérnicus.

Grimaldi - Cratera preenchida com Lava é um dos pontos mais escuros que pode ser visto na Lua. Mede aproximadamente 225 km de diâmetro.

Mare Humorum ou Mar de Umidade - Tem um diâmetro de 350 km. Com um pequeno telescópio ou binóculo é possível ver duas crateras ao longo das bordas.

Tycho - Cratera jovem, melhor observada durante a lua cheia. As raias brilhantes ao seu redor são formadas por material ejetado após a colisão com um grande asteróide, ocorrida a 109 milhões de anos.

Mar da Tranqüilidade - Região plana e com poucos acidentes, formada por lava derretida. Esta foi a região do pouso da Apollo 11 em 20 de julho de 1969, quando os primeiros Homens ali estiveram.

Mar das Crises - Planície de 550 km de comprimento facilmente identificada à vista desarmada.

Mar da Serenidade - Planície de lava sólida com 620 km de comprimento.

A Lua está repleta de crateras e pequenos mares, mas os apresentados são os mais fáceis de serem identificados e com um pequeno binóculo diversos acidentes interessantes podem ser vistos e pesquisados.
Apesar de algumas regiões serem chamadas de "Mar", elas não possuem água e têm essa denominação porque os antigos astrônomos acreditavam que eram de fato grandes oceanos.
Como vimos, Observar a Lua é uma tarefa muito prazerosa e fica ainda mais interessante quando se sabe exatamente o que estamos vendo. Bons céus a todos!

29/08/2009

Ômega do Centauro: uma jóia no céu do hemisfério sul


Quem observa o céu e já perdeu algumas horas contemplando o aglomerado globular Ômega do Centauro não tem dúvidas de que ele é uma das mais belas jóias encravadas no firmamento. Brilhando com 3.7 magnitudes e distante mais de 17 mil anos-luz, o aglomerado contém milhões de estrelas e seu tamanho angular é similar ao da Lua cheia.


Observado através de um telescópio, mesmo dos mais modestos, o cluster se revela ainda mais incrível, aparentando uma esfera densamente povoada por incontáveis estrelas brilhantes. Ômega do Centauro é um show.
No entanto, para que os segredos desse aglomerado possam ser revelados em sua plenitude, não basta só contemplá-lo. É preciso ir mais a fundo e estudá-lo. Para isso os astrônomos usam a potência dos poderosos telescópios profissionais, capazes de desvendar ainda mais os mistérios que existem por trás de tanta beleza.
A composição acima é uma coleção de dados captados pelo Imageador de campo Largo (WFI) montado no interior do telescópio Max-Planck, de 2.2 metros de diâmetro. O instrumento opera no Observatório de La Silla, construído sobre as áridas montanhas do deserto de Atacama, no Chile. A cena mostra o aglomerado Ômega do Centauro, o mais massivo aglomerado da Via-Láctea, com 150 anos-luz de diâmetro e mais de 10 milhões de estrelas em seu interior.


História


Ômega do Centauro é observado há centenas de anos e tanto o antigo astrônomo grego Ptolomeu e mais tarde Johann Bayer catalogaram o aglomerado como uma estrela. Apenas no século 19 o astrônomo John Frederick William Herschel (filho do descobridor de Urano) percebeu que Ômega do Centauro era na verdade um aglomerado globular


Em tempo: Aglomerado globular, ou simplesmente aglomerado, é o nome que se dá a um tipo de aglomerado estelar cujo formato visual é esférico, com interior muito denso e rico em estrelas antigas, mantidas unidas pela força da gravidade. Normalmente se localizam longe do plano da galáxia e muitas vezes no distante espaço intergaláctico.


Os aglomerados globulares são alguns dos mais antigos agrupamentos estelares e podem ser encontrados nos halos que circundam algumas galáxias, entre elas a própria Via Láctea. A idade aproximada de Ômega do Centauro gira em torno de 12 bilhões de anos.


Um impostor?

Pesquisas recentes de Ômega do Centauro sugerem a existência de um buraco negro de tamanho médio em seu centro. Observações feitas pelo telescópio Hubble e pelo Observatório Gemmini mostraram que as estrelas mais próximas ao centro do aglomerado se movem de maneira diferente da usual, o que segundo os astrônomos é causado pelo efeito gravitacional produzido por um massivo buraco negro 40 mil vezes maior que nosso Sol.


A presença desse buraco negro é uma das razões que fazem os cientistas suspeitarem de que Ômega do Centauro seja na verdade um impostor. Alguns pesquisadores acreditam que o aglomerado seja de fato o coração de uma galáxia anã, destruída após se chocar com a Via-Láctea. Outra evidência aponta para a existência de diversas gerações de estrelas presentes no aglomerado - o que contraria a regra de que um típico aglomerado seja composto somente de estrelas formadas ao mesmo tempo.


A verdade sobre o Ômega do Centauro está para ser revelada. Seja qual for, o aglomerado continuará sendo, por muitos e muitos anos, uma das mais belas jóias existentes no céu do hemisfério sul. Se ainda não viu, não sabe o que está perdendo!


Foto: Aglomerado Globular Ômega do Centauro, com mais de 10 milhões de estrelas é o mais massivo aglomerado da Via-Láctea. Imagem captada com a câmera WFI, pertencente ao ESO - European Organisation for Astronomical Research in the Southern Hemisphere. Crédito ESO/EIS.

24/08/2009

O que é a Radioastronomia









Os objetos que os astrônomos estudam, como as estrelas e as galáxias, emitem vários tipos de onda. Desses sinais nossos olhos podem perceber uma mínima parte.
Além da luz visível, existem ondas muito pequenas e energéticas, como os raios X e Gama. No outro extremo, estão as ondas mais amplas e com menos energia, como as que emite um microondas ou um aparelho de rádio.Os lugares mais “frios” do universo, como as nuvens de gás e poeira onde se formam as estrelas, emitem um tipo de ondas chamadas milimétricas, que tem a largura de um cabelo e somente se podem captar graças a radioastronomia. As antenas de ALMA permitirão obter imagens do universo na classe das ondas milimétricas, com uma resolução nunca antes alcançada